quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Matou a pau

AVEC ELEGANCE
Martha Medeiros


Existe uma coisa difícil de ser ensinada
e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara:
A elegância do comportamento.

É um dom que vai muito além do uso correto
dos talheres e que abrange bem mais
do que dizer um simples obrigado diante
de uma gentileza.

É a elegância que nos acompanha
da primeira hora da manhã até a hora de dormir
e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma
nem fotógrafos por perto.
É uma elegância desobrigada.
É possível detectá-la nas pessoas
que elogiam mais do que criticam.
Nas pessoas que escutam mais do que falam.
E quando falam, passam longe da fofoca,
das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.

É possível detectá-la nas pessoas que não usam
um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas,
por exemplo.
Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores
porque não sentem prazer em humilhar os outros.
É possível detectá-la em pessoas pontuais.

Elegante é quem demonstra interesse
por assuntos que desconhece,
é quem presenteia fora das datas festivas,
é quem cumpre o que promete e,
ao receber uma ligação, não recomenda à secretária
que pergunte antes quem está falando
e só depois manda dizer se está ou não está.

Oferecer flores é sempre elegante.
É elegante não ficar espaçoso demais.
É elegante você fazer algo por alguém,
e este alguém jamais saber
o que você teve que se arrebentar para o fazer...
porém, é elegante reconhecer o esforço,
a amizade e as qualidades dos outros.
É elegante não mudar seu estilo
apenas para se adaptar ao outro.
É muito elegante não falar de dinheiro
em bate-papos informais.
É elegante retribuir carinho e solidariedade.
É elegante o silêncio, diante de uma rejeição...

Não há livro que ensine alguém a ter uma visão
generosa do mundo, a estar nele de uma forma
não arrogante.
É elegante a gentileza.
Atitudes gentis falam mais que mil imagens...
Abrir a porta para alguém é muito elegante...
Dar o lugar para alguém sentar... é muito elegante...
Sorrir, sempre é muito elegante
e faz um bem danado para a alma...
Oferecer ajuda... é muito elegante...
Olhar nos olhos, ao conversar
é essencialmente elegante...

Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural
pela observação, mas tentar imitá-la é improdutivo.

A saída é desenvolver em si mesmo
a arte de conviver, que independe de status social:
Se os amigos não merecem uma certa cordialidade,
os desafetos é que não irão desfrutá-la.

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